quarta-feira, 12 de outubro de 2011

MARCANDO POSIÇÃO

É muito a vontade e com consciência tranquila que gostaria de fixar alguns pontos. Desde a primeira postagem está explícito que o evento não é homologatório. Por dois motivos:
1° - É experimental, ou seja, nunca foi tentado algo parecido no Brasil. A organização não pode garantir o sucesso na marcação da rota. Podemos apenas fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para que os objetivos sejam alcançados. Seria uma temeridade homologar "de primeira". Nunca tencionamos correr esse risco;
2° - Existem prazos que são seguidos de forma rigorosa para o lançamento das datas dos eventos oficiais BRM no Brasil. Quando tencionamos organizar o FODAX (hoje Audaxterra) e manifestamos nossa intenção ao representante ACP no Brasil fomos informados que o prazo do lançamento de eventos na série de 2011 já havia expirado. Foi o que precisávamos para lançar nosso evento "piloto". Pois estávamos com disponibilidade de tempo para a data por nós agendada. E isso nos bastava, afinal somos meros voluntários entusiastas.
Vencido isso, vamos adiante. Logo percebemos que FODAX era uma palavra muito ofensiva e fizemos uma consulta prévia ao representante ACP no Brasil informando da escolha de um nome mais interessante. Portanto, além do infame FODAX, surgiram X-audax, X-RDN, X-rand e o óbvio, sonoro, autoexplicativo, além de carregado de significado: AUDAXTERRA. Tivemos a felicidade de levarmos o nome a um bom designer (Jorginho de Cocal do Sul/SC) que, inspirado, trabalhou muito bem as potencialidades da logomarca. Quero deixar claro, sempre foi de nosso interesse compartilhar essa logomarca com todo e qualquer organizador brasileiro que queira organizar uma prova na terra. Nunca tencionamos exclusividade. Sintam-se a vontade. Queremos somar.
A ideia de um 200 Km na terra não é de hoje. Desde meu primeiro brevet em Lajeado (2007), ouço essa proposta. Pois lá havia os 10 Km não pavimentados e isso sempre aguçou a imaginação dos participantes. Normalmente ela esbarrava na falta de tempo dos organizadores, insegurança quanto ao sucesso, problemas de logística não encontrados em uma prova de asfalto e sobretudo: como demarcar o trajeto e não transformar tudo em uma grande confusão. Não estamos inventando nada. Estamos apenas transformando um anseio em realidade.
Se hoje alguém sonha com uma medalha olímpica; é porque algum dia alguém já sonhou com as olimpíadas - David de Rothschild.
Talvez por isso um evento de 200 Km, não homologatório (underground), que não classifica para nada, totalmente "fora de época" (datado no final do calendário oficial), esteja trazendo gente de tão longe. 200 Km para quem é experiente costuma ser uma prova chata por natureza, é como cumprir tabela para os times de futebol (tenho até o hábito de desmerecê-la, jocosamente chamando-a de "Desafio de Domingo"), razão pela qual, em meu entendimento, precisa ser charmosa e/ou oferecer algum apelo/novidade. Por fim, o nome escolhido foi Audax (e não randonnée), simplesmente porque no Brasil, por razões óbvias, Audax (além daquele papo de que remete a pessoa audaciosa e blá, blá, blá...) é uma palavra forte e carregada de significado. Randonnée, perdoem a franqueza, não remete a qualquer significado inteligível em Português. Aliás, esta é uma discussão superada entre organizadores há alguns anos (diferenciação entre Audax e Randonnée). Praticamente todo o blog ou site que trata do assunto já abordou ou pretende abordar esse tema. Nesse blog isso já foi abordado há alguns anos. Mesmo que fosse homologado, esse não seria o primeiro e está longe de ser o último randonnée com nome fantasia de audax a ser realizado no Brasil. Seguindo, porque um X grande?!? Simplesmente porque praticamente tudo o que envolve fora de estrada hoje no mundo traz algum X explícito em seu nome. De quebra, a palavra Audax, por natureza, traz um X em seu nome...isso era de uma conveniência que não podíamos deixar passar. Por fim, será que preciso explicar porque a palavra "terra" foi escolhida?!?
Vencida mais essa etapa, alguns questionamentos pertinentes:
1° - um evento deixa de ser randonnée porque não está no calendário oficial?!? Considerando que "randonnée" é uma palavra que pertence única e exclusivamente a cultura e ao povo francês e não a essa ou aquela organização?! Considerando ainda que randonnée significa primordialmente "longa jornada" - "expedição", gostaria de saber se há aqui algum inscrito que tem dúvida de que no dia 23.10.11 às 5h, em Urussanga/SC, vai ingressar em uma longa jornada?!
2° - um evento deixa de ser randonnée, pois teve ampliado (flexibilizado) seu horário de conclusão?! (no final da tarde e noite do dia 23 próximo quero perguntar a cada um que concluir de forma honrosa a prova, se está se sentindo diminuído porque a organização estendeu o período de conclusão do evento).
3° - um evento deixa de ser brevet porque não está inserido no calendário oficial, ou ainda, porque não classifica para nada em razão de estar inserido no final de um calendário oficial?! (pensando assim, nenhum 300 do Carvão já realizado foi brevet, pois naquelas séries não havia mais 400 datados no Brasil, portanto aquelas provas não classificavam para nada) Considerando que a palavra "brevet" pertence exclusivamente ao povo e cultura francesas e não a essa ou aquela organização?! Considerando ainda que brevet significa primordialmente "patente" e "certificado" em francês, e a organização do Audaxterra entregará um certificado ao final do evento a todos os participantes que o concluírem em até 15h.
Isto posto, vamos adiante. Não sou dono de bicicletaria, tampouco o Ciro Damiani. Não ganho dinheiro com o exercício de atividades físicas, não tenho esse tipo de formação, tampouco o Ciro Damiani. Estamos promovendo este evento porque somos entusiastas do esporte e do life-style randonnée. Com isso, quero dizer que não estamos nos promovendo com o Audax/Randonnée; mas tão somente promovendo o Audax/Randonnée. Estamos de boa-fé; de coração. Agora, já que não vamos ganhar dinheiro, pelo menos queremos o mérito do pioneirismo, não há mal algum nisso e não abriremos mão disso. Mesmo que vá gerar inveja e dor de cotovelo.
Como autocrítica, um grave erro foi cometido. Eximo o Ciro Damiani inteiramente deste erro. O erro foi neste veículo público de comunicação, da qual sou responsável. Fui vadio, assumo, e usei ipsis litteris as regras do BRM traduzidas para o Português e as profanei quando promovi sua flexibilização para esta prova. Como aprendi desde pequeno que deturpar coisas sagradas é pecado, na próxima postagem haverá um regramento próprio do Audaxterra, feito a imagem e semelhança do regramento público e transnacional do LRM. Agora vamos direto na fonte, sem atravessadores.
Dia desses encontrei alguém que conseguiu exprimir em palavras o que queremos compartilhar com quem vem "expedicionar" por aqui dentro de alguns dias: Um evento desafiador...
É a oportunidade que tenho de extrapolar os limites egoístas daquilo que faço simplesmente porque gosto. Nessas horas, tenho a chance de inspirar outras pessoas e de trocar experiências com gente que tem o mesmo estilo de vida que eu. As provas são uma celebração disso tudo - Anton Krupicka.
Foi cansativo, mas certas coisas simplesmente precisam ser ditas.
Finalizando, gostaria de deixar uma moção de apoio ao Roberto Penna Trevisan. Um amigo de verdade. Confiável, leal, íntegro, moderado, respeitoso, equilibrado e conciliador: é a pessoa certa, na posição certa e no momento certo. Obrigado por tudo. Conte sempre conosco.
Você está estressado?! Vá caminhar!! (sugerimos aqui)
Perdão pela extensão.
Abraço a todos!!

Obs.: se antes queríamos caprichar, agora queremos nos superar.

9 comentários:

Fernando Copetti disse...

Em verdade vos digo: Jesus, que era Jesus, percorreu estradas de chão. Porque nós não podemos?
O nosso diferencial será o meio usado. [...] Sim sim, sem contar que poderemos percorrer em apenas um único dia uma extensão de TERRA que costeia a Serra Catarinense, bem como uma estrada (também de TERRA), que "beira-mar".


Amém.

Nós da Cidade de Urussanga esperamos por todos, com entusiasmo e de braços abertos!
(Toxiro)

zeca Labieno disse...

200km de terra. Estou muito entusiasmado de poder participar de tudo isso! Só quem conhece os fatos tem noção dos problemas a serem enfrentados para realização de uma prova como esta. Podem colocar o nome que quiserem, mas para mim, sob todos os aspectos, especialmente na questão administrativa, a denominação é FODAX. Pouco importa se completarei a prova, ou o tempo que levarei, ou se haverá alguém me esperando ao final. Oque importa é que estarei participando e que vou fazer o melhor possível. Ainda bem que existem pessoas como vcs para tomar tamanha iniciativa. Obrigado Maico e Ciro.

Anônimo disse...

Como Labieno falou, parabens a organização, é mega dificil fazer um trajeto desses com estradas de terra. Eu tb tenho poucas chances de terminar os 200km, no tempo de 15h então.... Já considero uma honra participar do evento, e não fazer de tudo para terminar o mesmo. Já tenho o deslocamento até o local, já tenho que trabalhar e deslocamento de volta no dia seguinte a prova,tem a preparação dias antes da prova....ou seja são inúmeros fatores adicionais para quem é de longe do local. Dito tudo isso apenas fico um pouco chateado quando dizem "para os que terminarem a prova de forma honrosa", ou que não terminarem ficam desmerecidos. abs marcelo

França, CTA disse...

Eu não sei o nome desse negócio:
prova, corrida, passeio, Audax, Fodax, X-raid, sei lá, qualquer coisa!!!
Se vai ser homologado??? pra que??? O 1200 já foi mesmo só daqui a 4 anos.
Só sei que quero participar.
Sei da dificuldade em organizar um evento desse, parabéns para vc´s pela iniciativa e pelo trampo.
Dia 22 estamos aí, um abraço

Maico Birolo disse...

Marcelo, estais coberto de razão. A frase não ficou clara. Considero terminar de forma honrosa, ir até seu limite e de preferência tentar rompê-lo. Agora, se ainda assim isso for insuficiente para "dropar" o percurso, não valer-se de subterfúgios desonrosos(carona, cortar caminho...), forçando o término da prova é terminar com honra. Dia 22, durante o Briefing/Jantar, Faremos um pacto de cavalheiros, em que a organização terá como a menor preocupação durante as 15h de prova, fiscalizar se todos estão sendo honestos com a organização, com os outros participantes e principalmente consigo mesmos.
Abração e até o dia 22!!

zeca Labieno disse...

12.10.2011 - Reconhecimento do terreno audaxterra, parte 2. Aguardamos o Maico que
estava dormindo até 07h15min. Largamos e iniciamos a subida. Na primeira
bifurcação entramos a esquerda. Um trecho muito bacana, com muito verde e
oxigênio! Lá em cima as bifurcações continuaram, mas os Sachet, de carro,
no apoio, não perdia uma. Ia na frente e indicava o caminho. Esclareceu
que no dia haverá marcação com cal e uma faixa indicativa do caminho a
tomar. Ainda bem! Assim é tranquilo. Há algumas descidas que exigem
cuidado. Ligeiramente íngremes, mas curtas. Cuidado entrem devagar! No
mais chega-se em Lauro Muller, no Posto Chaminé (PC2), sem maiores
problemas. Um café com leite com risolis quentinho é muito bom. Saindo do
Posto entramos a direita. A bike do Marinho apresentou problemas no
câmbio. Sachet voltou no Posto e pegou um oleozinho. Lubrificamos a
correia e conseguimos fazer a bike girar. No entanto, o Marinho ficou
apenas com uma velocidade no câmbio traseiro, a mais lenta. Fez todo o
resto do percurso assim!!! Sugestão a todos: uma manutenção básica
periodicamente e especialmente antes da prova vai bem e não faz mal a
ninguém!!! Continuamos, como dizem os escoteiros, sempre em frente e
sempre alerta. Nova descida íngreme e sinuosa: pensei que iria cair, mas
consegui me equilibrar: ufa, escapei! Subida curta e íngreme antes da
Floresta Negra. Paradinha básica na preparação para enfrentar a "matilha
maldita". Sachet com rojões a postos, formos em frente. Decepção total: a
"matilha maldita" estava presa e não incomodou!. Missão cumprida e almoço
no Piatto Doro. Mesmo nublado, o dia estava abafado e exigiu protetor
solar. Destaque para a Vera que, corajosamente, teve um desempenho
superior a muito marmanjo. Sábado teremos novas emoções. Como diria o
Maico: iéieieieeeeeeee.

Viramesa disse...

"Não hesite nem se permita dar desculpas. Simplesmente saia e faça. Simplesmente saia e faça. Você ficará muito, muito contente por ter feito."

Pedalando até onde conseguir, sem desculpas.....Até fim de semana que vem...

Marcelo "Viramesa"
Maringá-PR

Ciro Damiani disse...

Não precisa agradecer não... Estamos fazendo tudo de coração e retribuindo ao esporte as coisas boas que ele nos proporciona! Grande abraço!

MMazon disse...

amanha vou testar a 1a. parte pra ver se é FODAX ou FOOOOOODAX! KKKKkk
abç galera...