Zeca, Gláucio e Marinho. Remanescentes da extinta equipe "Cobra" do Amateur Tour. Eles sempre estiveram no saco de apostas para os desistentes. Mas o saco foi ficando assado e, ao final, cortamos nossa língua. Pois após 19h03min de prova, estavam todos cruzando a linha de chegada para serem recebidos por suas famílias. Espírito audax e de sobrevivência no brevet, do começo ao fim. Só lamento não ter registrado o momento da batata doce na parada de ônibus em Orleans.
To: Bike - Glaucio Spillere
Sent: Tuesday, September 28, 2010 10:12 AM
Subject: audax300
Caro Glaucio,
É possível que neste sábado eu vá para Fpolis. Então não poderei pedalar. Se não for te aviso. Também acho que, no audax300, nosso trio deu certo. Eu estava inseguro se conseguiria completar e a companhia de vocês dois foi um fator decisivo para mim, acredite. Meus ossos pubianos ainda estão doloridos. Na descida depois de Orleans minha bike desenvolveu velocidade e por isso me distanciei de vcs. Na descida da Santa a mesma coisa. Depois de Estação Cocal, contra o vento, eu estava muido. Quando fizemos o contorno da Fumaça ficamos a favor do vento e passamos a pedalar melhor. Então, antes da rótula, ficamos no vácuo daquele senhor com uma barra forte, pedalando sem as mãos e mais rápido que nós! Não estávamos nem a 20km/h. Naquele momento me bateu um nervoso e pensei: a dor que vá para o inferno! E resolvi acelerar até o quanto aguentasse. Então não parei mais. Passei o cara da barra forte, subi o morro depois da rótula do Posto e finquei o pé. Só lembro de olhar para o velocímetro e ver a marca de 40km/h. Os pulmões queriam sair pela boca, mas as dores cessaram, gozado. Levantava nas subidas e não aliviava. Quando passei pelo caldo de cana, a quase 40km/h, o Jack Sparrow (vulgo, Fly; vulgo, Maguido) me viu e veio atrás, me caçando no mesmo ritmo, tentando me passar. Começamos a apostar uma corrida. Nenhum dos dois queria ficar atrás. Ele corria e eu corria mais. No trevo do Pontilhão ele me passou e não consegui alcançá-lo mais. Minhas pernas já não me obedeciam direito. Então, aceitei a derrota, e segui naquele ritmo de 35km/h até a Chaminé e finalmente terminei a prova. Ufa!!! Obrigado a vcs. Sozinho acho que não teria conseguido. Abração Glaucio.
Glaucio responde:
Difícil também foi conter a ansiedade nas horas que antecederam a Largada. Dúvidas de se inscrever (bem feito, na próxima não vou ter mais dúvidas), noite com sono muito leve, dia (na sexta) que nada rende. Misto de preocupação, ansiedade, mistérios a serem desvendados.
Lembro quando tu pediu para ir mais rápido senão não ia dar tempo antes de Orleans, na verdade, tive que parar antes porque não conseguia colocar a caramanhola no lugar. Depois disso bateu uma leve dor-de-barriga achei que o pior viria, dai comecei a pensar em parar em Orleans, dormir num posto ou voltar de taxi.
Mas passou porém sempre vem algo em seguida, as caimbras que as baguinhas e a Malto do Marinho ajudaram, porém as dores no joelho foram surgindo.
E fui convivendo com a dor no joelho, porém a vontade de completar era maior, afinal já tinha chegado até ali (Orleans na volta), então era tentar subir pra Santa, tempo tinha bastante.
E ali pra chegar na Santa... só temos noção do quanto a subida é enorme, quando estamos descendo.
Como de Guatá a Lauro Muller é longe... em Orleans sentamos numa parada de onibus (vimos que tu estava subindo), apreciamos uma batata doce inteira de cada, coisas do Marinho, imagina depois o efeito. Aliás, cada vez que tu te levantava, imaginava que tu tava abrindo a descarga. Outra maravilha foi a chegada a Urussanga, parece que estavamos em casa.
No carro, na volta, a esposa perguntou porque eu quase não falava, mas pudera, quase não conseguia falar de cansado, ou talvez não conseguia expressar meu sentimento, foi incrível.
Bom tomei banho, café, 1 dorflex e fui pra cama, me apaguei.. 13 horas de sono ininterruptos.
Só acho uma coisa nisso tudo... "tais estressado, vai pedalar !!" . Tudo melhora.
Um abraço
Glaucio
Ao Glaucio, faço jus às palavras de Simon Murray: Audax "(...) é uma dessas coisas boas de lembrar, bem depois, mas um inferno fazer."
Abraço a todos!
Lembro quando tu pediu para ir mais rápido senão não ia dar tempo antes de Orleans, na verdade, tive que parar antes porque não conseguia colocar a caramanhola no lugar. Depois disso bateu uma leve dor-de-barriga achei que o pior viria, dai comecei a pensar em parar em Orleans, dormir num posto ou voltar de taxi.
Mas passou porém sempre vem algo em seguida, as caimbras que as baguinhas e a Malto do Marinho ajudaram, porém as dores no joelho foram surgindo.
E fui convivendo com a dor no joelho, porém a vontade de completar era maior, afinal já tinha chegado até ali (Orleans na volta), então era tentar subir pra Santa, tempo tinha bastante.
E ali pra chegar na Santa... só temos noção do quanto a subida é enorme, quando estamos descendo.
Como de Guatá a Lauro Muller é longe... em Orleans sentamos numa parada de onibus (vimos que tu estava subindo), apreciamos uma batata doce inteira de cada, coisas do Marinho, imagina depois o efeito. Aliás, cada vez que tu te levantava, imaginava que tu tava abrindo a descarga. Outra maravilha foi a chegada a Urussanga, parece que estavamos em casa.
No carro, na volta, a esposa perguntou porque eu quase não falava, mas pudera, quase não conseguia falar de cansado, ou talvez não conseguia expressar meu sentimento, foi incrível.
Bom tomei banho, café, 1 dorflex e fui pra cama, me apaguei.. 13 horas de sono ininterruptos.
Só acho uma coisa nisso tudo... "tais estressado, vai pedalar !!" . Tudo melhora.
Um abraço
Glaucio
Ao Glaucio, faço jus às palavras de Simon Murray: Audax "(...) é uma dessas coisas boas de lembrar, bem depois, mas um inferno fazer."
Abraço a todos!
4 comentários:
Zeca, eu tava bebendo uma água de côco e quando tava terminando te vi se aproximando, logo pensei: que bom companhia até o final.
Mas tu passou num gás e disparou...nem me esperou kkkkk foi boa a brincadeira e tornou a chegada "menos dolorida".No fim chegamos juntos.Completamos e somos todos vencedores.
valeu
abcs
Opa!
Tive o prazer de reencontrar o Gláucio. Pedalamos juntos nos últimos quilometros do 200 do Carvão e tive a oportunidade de conhecer um pouco desse grande ciclista criciumense.
Nesse novo encontro da ocasião dos 300, pude conhecer mais dois companheiros de pedal. Nas poucas situações que paramos para conversar foi muito proveitoso.
O Gláucio disse que nunca havia completado (ou participado) de um 300. Agora pode bater no peito e dizer a todos que passou a arrebentação.
Um abraço à todos os audaciosos do Carvão.
Rafael, prazer foi todo meu. Quando vi teu nome na lista dos inscritos fiquei motivado.
És um enigma. Na padaria de São Ludgero, só tu mesmo poderia estar lá. E como estava bom aquele café das 9.
Engraçado que tu passou por mim umas 10 vezes e não lembro de eu ter passado por ti. É um mistério....
Tu é uma lenda viva entre nós, vai ficar sempre nas boas lembranças do AUDAX.
valeu
acho que eu te passei várias vezes porque eu sempre parava nos botecos para comer coisas típicas da região.
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